quarta-feira, 29 de junho de 2016

Notas sobre o Brexit e como o exemplo do Reino Unido pode nos ajudar a sair do hospício


Depois de um bom tempo sem atualizar meu blog devido ao pouco tempo que estava a minha disposição, estou de volta com um assunto importante que se relaciona diretamente com este blog no quesito desenvolvimento pessoal: a busca da verdade, que obviamente é inatingível por completo, mas que devemos buscá-la para nos desenvolvermos e não cair numa Matrix. Mas antes de chegar ao assunto, vamos analisar sobre a tal notícia do momento.

Na Sexta-Feira de 24 de Junho de 2016 nós tivemos um dia histórico não só para os britânicos, mas também para o mundo inteiro. O referendo Brexit, uma sigla que é a junção de "Br" (British) com "Exit", que em português significa "saída", foi colocado para a votação da população britânica pelo Primeiro-Ministro britânico David Cameron sobre a permanência ou a saída da União Européia (UE), daí o nome sugestivo "Brexit". E o resultado foi que a saída do bloco econômico ganhou: eis a notícia. Um dia histórico para o mundo!

"Mas porque a saída da UE seria algo benéfico, se eu aprendi nas escolas e na Globo News que essa ideia de um bloco unido de países cooperando entre si melhora a qualidade de vida dos cidadãos do referido bloco?". Aí é que está o problema meu camarada, nem sempre o que falam para você nas escolas ou grande mídia é a verdade (ou o melhor caminho). Ainda mais atualmente, quando estas instituições estão lotadas de marxistas que ensinam e propagam notícias defendendo seu time utópico e não a verdade. E aí está o cerne central do que quero chegar no artigo: as pessoas atualmente são facilmente manipuláveis justamente por não "buscarem" conhecimento por conta própria e por fontes confiáveis (e diferentes). Desse modo são presas fáceis para charlatões e mentes maquiavélicas os ludibriarem e usarem como gados para seu projeto de poder e no fim descartá-los, como o comunista e revolucionário soviético Lênin sugeriu quando chamou os inocentes que os apoiavam de "idiotas úteis".

É desse tipo de gente que os globalistas, como o George Soros, gostam.


Mas antes de entrar nesse assunto, vamos analisar a notícia e tomar umas notas interessantes.

Notas sobre o Brexit

Primeiramente, vamos esclarecer sobre as pretensões da UE. A história de que a União Européia seria apenas um bloco de ajuda econômica é bastante errada, porque as pretensões é de um governo único, com centralização de poder, de economia e de decisões políticas. Ou seja, seria um Europistão, como costumo falar para alguns amigos, um país-continente que decide por todos os outros países com culturas, herança históricas e economias diferentes e que, portanto, deveriam tomar decisões diferentes e autônomas que preservassem suas heranças históricas e culturais. Como escreveu Ryan McMaken e Carmen Elena Dorobat no Instituto Mises

A UE é uma organização secreta e totalmente isolada do povo europeu, o qual não detém absolutamente nenhum poder de supervisão sobre ela. A UE não é gerida por pessoas eleitas. O próprio Parlamento Europeu é totalmente impotente para impedir ou revogar os atos da Comissão Europeia (que é o corpo executivo da União Europeia). Os membros da comissão não são eleitos, mas sim designados pelos governos dos estados-membros.
Sendo um conglomerado formado por dezenas de comissões anônimas e secretas, a UE é um paraíso para um burocrata.  Pessoas extremamente poderosas permanecem praticamente anônimas, seguras para impingir seus infindáveis esquemas intervencionistas sem jamais temer qualquer punição dos eleitores.  Praticamente ninguém é capaz de citar os nomes dos mais poderosos indivíduos da UE, seja dos cinco presidentes da UE ou de outros poderosos membros das organizações pertencentes à UE.
Como bem disse um observador: “De que adiantaria eu saber quem eles são?  Ninguém tem nenhum poder sobre eles.”
Esse Leviatã continental, então, instituía leis a serem cumpridas sob penas de sanções para os países que não cumprirem-nas. Isto feitas por uma espécie de parlamento europeu que o povo não elegiam e pior, nem sequer sabiam quem eram. Em outras palavras: se por exemplo a Inglaterra quisesse firmar um acordo econômico com algum país fora da UE e um ou dois membros dessa tal comissão que geralmente são de países diferentes vetassem, a Inglaterra deveria corroborar com a decisão sob a pena de ser punida com sanções. Onde está a autonomia do país nessa história? Onde fica a soberania nacional?

Uma das piores consequências que a UE está gerando aos países é a islamificação das nações europeias, gerada através de decretos que fazia imposições para que os países aceitassem uma quantidade absurda (muitas vezes acima dos limites) de imigrantes. Isso, para quem estuda sobre cultura e a história do islã sabe que para um imigrante respeitar um país no qual está migrando, deve respeitar, acima de tudo as leis, a cultura e tradição do país que está acolhendo-o para preservar a ordem e a justiça. Acontece que os islâmicos respeitam apenas a lei islâmica como qualquer pessoa que pensa pode perceber, o que gerava conflitos de ações comunitárias, ideias e costumes dentro dos países e os europeus deviam aceitar tais acontecimentos pelo pretexto politicamente correto do multiculturalismo imposto goela abaixo (e atualmente, infelizmente, aceito por homens frouxos que não tem ideia das consequências de suas ações). É basicamente um Estado dentro de um Estado, só que o islâmico está crescendo assustadoramente, engolindo o europeu e destruindo sua tradição e a civilização junto.

Quem há anos vem escrevendo sobre esse globalismo e a revolução cultural é o filósofo brasileiro Olavo de Carvalho, que nos últimos 20 ou 30 anos vem fazendo previsões concretas sobre o futuro do Brasil e do Mundo e acertando praticamente todas elas. Em 2003 ele escreveu um artigo praticamente prevendo o Brexit. Mais um acerto do velho:


O governo global que se forma ante os nossos olhos não é americano: é uma aliança das velhas potências européias com a revolução islâmica e o movimento esquerdista mundial. Suas centrais de comando são os organismos internacionais, e a única força de resistência que se opõe à mais ambiciosa fórmula imperialista que já se viu no mundo é o nacionalismo americano.
Os planos do governo mundial estão expostos desde 1995 no documento “Our Global Neighborhood,” publicado por uma “Comissão de Governança Global”, que prega abertamente “a subordinação da soberania nacional ao transnacionalismo democrático”. Esses planos incluem: 1. Imposto mundial. 2. Exército mundial sob o comando do secretário-geral da ONU. 3. Legislações uniformes sobre direitos humanos, imigração, armas, drogas etc. (sendo previsível a proibição dos cigarros e a liberação da maconha). 4. Tribunal Penal Internacional, com jurisdição sobre os governos de todos os países. 5. Assembléia mundial, eleita por voto direto, passando por cima de todos os Estados Nacionais. 6. Código penal cultural, punindo as culturas nacionais que não se enquadrem na uniformidade planetária “politicamente correta”.

É o Estado policial global, a total liquidação das soberanias nacionais. E não são meros “planos”: com os Estados Unidos da Europa, tudo isso entra em vigor imediatamente no Velho Continente, da noite para o dia, sem consulta popular, sem debates, sem oposição, anunciando para prazo brevíssimo a extensão das mesmas medidas para o globo terrestre inteiro pelo mesmo método rápido da transição hipnótica.

Essa sensação de impotência e falta de autonomia fez com que o Reino Unido, um exemplo de democracia para o mundo, com uma Carta Magna datada desde 1215, fizesse este plebiscito resultando na sua saída da União Européia. E detalhe: O Reino Unido, entre os países da UE era um dos mais entusiastas do bloco. Com sua saída, pode gerar um efeito dominó, visto que países como a França tem bem menos apreço pela UE do que o Reino Unido. O primeiro-ministro David Cameron, que fez campanha contra o brexit, ao saber da derrota, renunciou o mandato, mostrando que em quesito democracia, o Reino Unido ainda é referência (e o Brasil um lixo).

Tchau Europistão!

Sobre a questão econômica, é justo notar que o Reino Unido, que criou o capitalismo mundial, livre comércio e a indústria sabe do assunto melhor do que muita gente. O "Europistão" gerava uma falsa sensação de segurança econômica e desenvolvimento social, visto que, como já falei antes, dependia do aval de uma espécie de parlamento europeu que tomava decisões pelos países sem o aval do que realmente importa em uma democracia: a nação. Desse modo, países que tiveram políticas econômicas absurdamente horríveis (lê-se socialismo) como a Grécia e Espanha tiveram que ter suas bundas limpadas por países economicamente mais seguros  que tiveram políticas econômicas mais acertadas como a própria Inglaterra. E detalhe, sofrendo ainda boicotes de pagamentos de empréstimos, como o calote dado pela Grécia e seu governo socialista. Então, não se tratava de uma economia de mercado, mas sim de uma economia de governo. Não temos aqui transições econômicas de pessoa para pessoa ou de empresa para empresa, mas sim de um governo para governo, sem passar ou atender integralmente às necessidades dos indivíduos porque isso é praticamente impossível em governos com poder centralizado, como demostrado por Friederich Heyek no seu livro Caminho da Servidão e por todas as obras do Ludwig von Mises, maior economista que já existiu e principal nome da Escola Austríaca. Este último, inclusive, nomeou o seu magnum opus Ação Humana com este nome não por questões estéticas, mas para deixar claro que o cerne central da economia está na ação humana, do indivíduo, do agente homem que usa dos meios de produção, de transições de trocas, atribuição de valores, cálculo monetário de preços etc. para atingir um objetivo através da praxis e diminuir o seu desconforto e não de um governo centralizado e, consequentemente, totalitarista que não atende aos interesses da maior minoria que existe: o indivíduo.

Com a saída da UE, o Reino Unido agora está livre para fazer comércio com quem bem entender, sem depender do aval de meia dúzia de burocratas e atrapalhar as decisões de seus cidadãos. Garante mais autonomia para a população e a combinação perfeita para um bom desenvolvimento social: livre comércio entre diversos países e autonomia política de uma nação, preservando suas leis, costumes, cultura e a soberania nacional. Essa livre associação de mercado potencializa o desenvolvimento dos países associados de maneira comercial através da divisão de produção daquilo que cada país é mais competente. Por exemplo, se a Inglaterra for ótima produtora de tecidos e péssima produtora de algodão (matéria prima para a fabricação de tecido), mas se o Egito for ótimo produtor de algodão e péssimo produtor de tecidos, então na livre associação dos dois, a Inglaterra foca seus recursos na produção de tecidos e o Egito na produção de algodão e trocam entre entre si através do comércio, resultando num benefício mútuo e melhora de vida da população. Esse é o "princípio de associações de Ricardo", e Mises no seu já citado livro Ação Humana argumentou como essencial para um bom desenvolvimento de um país:

Ricardo formulou a lei da associação para demonstrar quais são as consequências da divisão do trabalho quando um indivíduo ou um grupo coopera com outro indivíduo ou grupo menos eficiente sob todos os aspectos. Seu objetivo era investigar os efeitos do comércio entre duas regiões desigualmente dotadas pela natureza, pressupondo que os produtos, mas não os trabalhadores e os bens de produção acumulados (bens de capital), pudessem livremente circular de uma região para outra. A divisão do trabalho entre as duas áreas, como mostra a lei de Ricardo, aumentará a produtividade do trabalho e é, portanto, mais vantajosa, mesmo que as condições materiais de produção de qualquer bem sejam mais favoráveis em uma dessas áreas do que na outra. É mais vantajosa para a região mais bem-dotada concentrar seus esforços na produção de bens em que sua superioridade seja maior e deixar para a região menos bem-dotada a produção de outros bens onde a superioridade da primeira seja menor.

(...)

Se é mais eficiente que de tal maneira que necessite de 3 horas para produzir uma unidade de p, enquanto precisa de 5 horas, e de 2 horas (contra 4 horas necessárias a B) para produzir uma unidade de q, resulta que ambos sairão ganhando se se limitar a produzir e deixar para a produção de p. Se cada um deles dedicar 60 horas à produção de e 60 horas à produção de q, o resultado do trabalho de será 20p + 30q; o de será 12p + 15q; e os dois somados, 32p + 45q. Mas A, limitando-se produzir somente q, produz 60q em 120 horas, enquanto B, limitando-se a produzir p, produz no mesmo tempo 24p. A soma de suas atividades será portanto 24p + 60q, a qual — como para A, p tem uma relação de substituição de 3/2 de q, e para esta relação é de 5/4 de q — significa uma produção maior do que 32p + 45q. Portanto, é evidente que a divisão de trabalho traz vantagens para todos que dela participam. A colaboração dos mais talentosos, mais capazes e mais esforçados com os menos talentosos, menos capazes e menos esforçados resulta em benefício para ambos. Os ganhos obtidos com a divisão do trabalho são recíprocos.

Com a saída da UE, o Reino Unido da um chute na bunda dos globalistas que tem este projeto de governo global (que só serve para dar mais poder para eles, deixar o cidadão comum se ferrando por causa de suas ganâncias e enganar os trouxas que ajuda a elite globalista a ficar mais poderosa) e de quebra vai dar o exemplo de que o conservadorismo, "a defesa das coisas permanentes" como falava T. S. Eliot e "a democracia dos mortos" como falava G. K. Chesterton, é o sistema de governo mais sensato: uma política que prega igualdade perante Deus e as leis, respeito à tradição, cultura que formou a sociedade e propriedade privada, prudência nas implementações de ideias novas, contra revoluções e ideologias, Estado mínimo, livre mercado e respeito às diferenças, mas sem misturar as culturas numa homogeneidade à lá multiculturalismo. Em suma, o que o Ocidente já foi um dia.


Reino Unido abandonando o barco da UE e saindo da aniquilação. Quando o Brasil irá abandonar o Foro de São Paulo e os inúteis do Mercosul?


Ser escravo da verdade




Agora chegamos na parte principal do meu artigo. Vamos comentar agora sobre a questão da busca do conhecimento dos fatos para se livrar das correntes da manipulação.

Vivemos atualmente um fenômeno interessante acerca do tripé mídia, senso comum e o conhecimento dos fatos. O resultado do Brexit, segundo a maioria da grande mídia do mundo todo (portanto, não só desse lixo do Globo News) foi que a decisão da saída da UE foi uma vitória da "extrema-direita", "neoliberais", "ultraconservadores", "gigaconservadores", "megazordconservadores" e mais um milhão de prefixos totalitaristas, que ironicamente vem quase na totalidade através de vozes esquerdistas, seja por jornalistas, pensadores ou celebridades que defendem governos centralizadores e totalitaristas com pseudo democracias para "enganar trouxa". Sabemos também, para quem tem um estudo mais aprofundado sobre o tema, que há uma elite globalista que investe toneladas de dinheiro para financiar instituições e movimentos sociais (como feminismo, gayzismo, raciais, abortistas etc.) para que façam uma revolução cultural e enfraqueça as nações por dentro, para poderem controlá-los e aumentarem seus poderes, já que um país enfraquecido no seu interior e no seu "coração" é mais fácil de ser tomado (e, principalmente, sem ter resistência) como bem falou o marxista Antonio Gramsci. Um bom exemplo é o globalista George Soros, que gasta por ano bilhões de dólares para distribuir colunas e opiniões para as grandes mídias, defendendo assim sua opinião e espalhando-a para o ocidente inteiro. Isso é escancarado e se você investigar com cuidado vai descobrir que esse financiamento (e das demais instituições e movimentos sociais) sempre vão parar nas mesmas elites globalistas a que o Soros faz parte, mostrando que essa massa de manobra progressista trabalha para aumentar o poder dos globalistas e não passam de um bando de trouxas. Então é normal, um cidadão de classe alta de Nova York, por exemplo, que tem um "vidão" despreocupado desses assuntos, que não tem a vida muito afetada por esses esquemas (por enquanto) e só lê The New York Times ter esse tipo de opinião esquerdista e essa opinião contra pensamentos conservadores. Pior são os estudantes que aceitam de bom agrado e sem muitos questionamentos, opiniões tendenciosas de professores ou militantes universitários e tomam-nas como verdades absolutas, tomando atitudes nefastas posteriormente e espumando de ódio contra "o sistema opressor", praticamente replicando as cartilhas da Escola de Frankfurt. Esse é o famoso senso comum em que estamos inseridos.

Então, como temos hoje essa manipulação midiática e um senso comum que empurra-nos para tendências progressistas e revolucionárias, mas temos alguns fatos totalmente opostos ao senso comum como o Brexit acontecendo? Acontece que  atualmente dois fatores relacionados estão determinando para o surgimento de uma resistência a essa espécie de "invasão vertical dos bárbaros" em nossa civilização:


  1. A cada vez maior insatisfação da população, principalmente dos cidadãos mais comuns (que são os mais afetados por péssimas políticas, em detrimento de cidadãos com mais recursos, os chamados "esquerda caviar" e "idiotas úteis"), acerca das políticas em que estão sendo governados, da degradação moral e da justiça;
  2. O conhecimento da verdade dos fatos através do chamado "pensamento difuso" gerado por pensadores despreocupados com o reconhecimento (que Ronald Reagan tanto falava), que foram potencializados e espalhados (daí o nome "difuso") pelas redes sociais e também por uma abertura cultural desses cidadãos indignados, que passaram a se instruir por livros e buscando o conhecimento dos fatos por conta própria, pesquisando por si mesmo para chegarem à verdade dos fatos e assim, driblando o senso comum e a manipulação midiática.
Esse caminho foi aberto em vários locais do mundo por pensadores que investigavam e estudavam para ter uma vida intelectual, buscando a verdade desprendido de ideologias por muitos anos, como aqui no Brasil pelo Olavo de Carvalho no século XXI e pelo pe. Paulo Ricardo no século XXI, nos EUA pelo Russell Kirk no século XX e por Eric Voegelin no século XX e no Reino Unido por Edmund Burke no século XVIII e por Sir. Roger Scruton no atual século XXI, só para citar alguns. Eram escravos da verdade e tendo um enorme senso moral e de justiça, sentiram a necessidade de espalhar seus conhecimentos para conscientizar a população e dar o exemplo de suas jornadas intelectuais. Os acontecimentos que resultaram no Brexit e até mesmo no Impeachment da presidAnta Dilma foram gerados e potencializados por pessoas que já estavam enxergando os fatos verdadeiros de algum modo e pressionaram, com a ajuda de parte da população já esclarecida, as autoridades para tomarem alguma medida contra esses projetos de poder. De fato, estão buscando conhecimento, adquirindo imaginação (e consciência) moral e sabendo fazer política (esta última ainda em menor grau pela população).

Resumindo: é imprescindível, para nos soltarmos das correntes da servidão, buscar a verdade absoluta, mesmo sabendo que é impossível atingí-la (afinal, você não é Deus e nem a Igreja), mas sempre buscando ela para um bom entendimento do que acontece na Terra. Buscar uma vida intelectual, sem focar apenas na mecanização, que é tendência nos dias atuais, se especializando apenas em um só conhecimento (mal, na maioria dos casos) e deixando de lado outras áreas do saber, para que vire inocentes bixos comandados pelos porcos globalistas numa grande fazenda chamada Terra. 

Para isso, devemos buscar as artes liberais e seguir o conselho de Mortimer Adler em seu livro Como Ler Livros, que para uma boa compreensão de uma obra, não basta só saber como ler e interpretar um livro, mas saber também comparar, sistematizar e criticar várias obras diferentes e variados assuntos ao mesmo tempo. Portanto, não focar apenas em Política ou Economia como alguns fazem erradamente, mas também ler sobre Filosofia, Sociologia, Teologia, História do Brasil, do Mundo e da Religião, Administração, Psicologia, Literatura etc. Adquirir uma amplitude de conhecimento para poder saber "onde está pisando" e poder ter uma maior autonomia interior e  segurança contra ideias e políticas erradas, que põe a perder anos de sacrifícios dos seus antepassados para construir a nossa civilização. Portanto, não basta apenas ler, é preciso ler com qualidade, refletir, sistematizar e por em prática o que aprendeu. Uma nação de indivíduos fortes e instruídos é uma nação forte, mas uma nação de indivíduos fracos e idiotas, é uma nação fraca e, portanto, presa fácil para os "bárbaros" como foi o Império Romano.

O problema da Ideologia

Vamos agora tratar de um grande problema que atormenta atualmente a humanidade: a ideologia. Antes de mais nada, a resposta para o problema da ideologia é simplesmente que ela é um erro por si só. Um erro romantizado por intelectuais ao longo do tempo e que foi responsável pelos maiores males a partir do século XIX e principalmente nos séculos XX e XXI. Quem estudou mais à fundo e sistematizou o problema da ideologia foi um dos maiores filósofos, historiadores e cientistas político do século XX, o alemão radicado nos EUA Eric Voegelin. Atormentado pelas barbaridades nazistas na Segunda Guerra e também pelos genocídios do comunismo stalinista, Voegelin se propôs a responder a pergunta que ele fez em sua cabeça: "porque as pessoas seguem esses idiotas?". Feito isto, começou um trabalho de investigação histórica das ideias políticas analisando ao longo dos anos os fatos históricos que culminaram na formação das ideias políticas que acompanharam a humanidade desde o início dos tempos até os dias atuais. Depois desse apanhado histórico, Voegelin parte agora para uma jornada para sistematizar o problema da tentativa da humanidade de ordenar o mundo. Após esse enorme trabalho erudito, Voegelin agora tinha as ferramentas necessária para explicar o problema da ideologia: ela se trata de um gnosticismo moderno que tenta imanentizar o paraíso pregado pelos cristãos que é transcendente a nós para a Terra. A ideologia seria, portanto, uma religião invertida.

A cristandade, especialmente a Igreja Católica, construiu a civilização ocidental com seus dogmas de salvação eterna em um reino transcendental ao do homem e que na Terra seriamos seres imperfeitos pelo pecado original e que, para seguir ao caminho da salvação, deveríamos seguir os passos de Jesus Cristo: amar a Deus acima de todas as coisas, amar ao próximo como a si mesmo, ser caridoso com o próximo, pregar o amor, o perdão etc. O cristianismo trabalha, então, com a ideia da imperfeição do homem na Terra e a redenção do mesmo através da Vida em Cristo que é o único meio para chegar no reino dos céus. No seu genial livro Science, Politics and Gnosticism, que infelizmente só tem em inglês (mas é pequeno e da para entender), Voegelin mostra como o pensamento gnóstico pegou os símbolos religiosos cristãos e tentou criar uma religião invertida, a ideologia.

A gnose funciona com a ideia de que no mundo há algo de errado e que só podemos mudar isso através de um "conhecimento secreto" que irá transformar o homem em algo acima do homem comum, superior ao homem pecador que precisa de Deus para sua redenção. Se trata então de uma secularização e uma heresia aos olhos cristão, pois vai de encontro com o princípio de imperfeição humana, salvação divina e de tudo o que a civilização havia feito de bom e aprendido com seus erros. Voegelin explica que o surgimento da gnose moderna surgiu nas filosofias de Hegel, Schelling, Comte, Nietzsche e Marx, só que usando os simbologismos da religião cristã para criar um paraíso na Terra. 


Por exemplo, para Nietzsche o homem perfeito seria o ubbermensch, o super-homem; para Marx seria o homem socialista; para Heidegger seria o homem existencialista; para Comte seria o homem progressista (ou algo assim) etc. Tudo isso representando o simbologismo de Cristo, o Deus perfeito cristão. Outro simbolismo seria a das fases para o cristianismo perfeito, que começa com a fase de Pedro, seguido pela fase de Paulo e selado pela fase de João até chegar no fase do cristianismo perfeito; no pensamento gnóstico isso se manifestaria, por exemplo, nos escritos de Marx e Engels, que relatou que a caminhada para a "salvação terrena" se daria em três fases: a primeira fase do proletariado, a segunda fase da sociedade de classes burguesas, culminando, por fim, na última fase que seria a do comunismo perfeito; outro exemplo é o positivismo de Comte, que a primeira fase seria a da teológica, a segunda fase a da metafísica e a terceira fase seria a da ciência positivista, chegando no auge do positivismo. Mas sem dúvidas, o simbolismo que a gnose moderna pegou do cristianismo que mais trouxe problemas para a humanidade foi a da figura do profeta e do messias. No cristianismo, isso se dá através da previsão de um profeta que seria João Batista que prevê um messias que irá salvar a humanidade e que seria Jesus Cristo; na versão gnóstica secular, isso se apresentou de algumas formas: o profeta aparecia sobre a forma de um pensador ideólogo com suas teorias abstratas para um mundo terreno melhor e seria procedido pelo messias que iria instaurar o mundo melhor com base nas ideias abstratas.

  • Marx e Engels seriam os profetas do socialismo e Lênin, Trotsky e Stalin os messias que iriam fazer o mundo perfeito através do socialismo;
  • Nietzsche seria o profeta do homem superior e Hitler seria o messias que iria fazer um mundo perfeito através do nazismo do super-homem (raça superior);
  • Comte seria o profeta do positivismo e os iluministas e os militares da República do Brasil ("Ordem e Progresso") seriam os messias que trariam o mundo perfeito através do positivismo, o famoso progressismo científico.
E por aí adiante. Então é fácil notar agora, o que Voegelin quis dizer com imanentização: seria a transferência da salvação do homem para um reino transcendental e colocada agora para uma salvação no mundo terreno. Esse pensamento gnóstico colocado nas cabeças das pessoas por todos os meios de comunicação (livros, mídias, escolas, universidade) ficaria tão intrínseco na mente humana que eles apoiariam essa imanentização sem se dar conta. E de fato isso aconteceu (e acontece nos dias de hoje). Ou também aconteceria sobre a forma de revoluções, como aconteceu na União Soviética ou golpes de Estado como a República do Brasil. Mas o fato é que o pensamento gnóstico moderno é muito presente na consciência das pessoas e isso torna fácil de apoiar essas figuras messiânicas para um "governo perfeito". O resultado disso tudo nós sabemos através da história e observando atentamente os dias de hoje (dica: olhe o que falei acima sobre o Brexit, UE, globalismo e pesquise também sobre o Foro de São Paulo).

A imanentização tratada por Voegelin: ao invés da salvação transcedental cristã, será aplicada pelos "messias ideólogos" a salvação térrea. A salvação era transferida do Céu para a Terra. 


Russell Kirk, filósofo conservador americano, que era amigo e trocava muitas correspondências com Voegelin, ficou mais convencido do que já era sobre a idiotice e o mal que é a ideologia. Então, em toda sua vida, escreveu obras e difundiu para os Estados Unidos o pensamento conservador que ia na contramão da ideia de ideologia. Seria mais um modo de ver o mundo, um estilo de vida que tentava tomar ações na base da prudência. Segundo Kirk, o conservador não acredita na salvação terrena, pelo contrário, sabe que o ser humano é imperfeito e por isso preza pela moral e doutrina cristã que construiu a nossa civilização, sabe que a nossa civilização foi feita com base em experiências testadas ao longo do tempo pelos nossos ancestrais e tem enorme respeito por eles, pois foram eles que construíram tudo o que usufruímos de bom hoje. O conservadorismo seria, portanto, a conservação das coisas boas que construímos através dos sacrifícios dos nossos ancestrais, a manutenção da moral religiosa juntamente com o aumento da imaginação moral através de boas literaturas e o melhoramento prudente da nossa civilização visando as próximas gerações, sem ideologias abstratas e revoluções que poderiam por tudo que construímos a perder. E, se o leitor for perspicaz, verá que quase todas as vezes que ficamos perto da aniquilação, foram quando escolhemos aderir cegamente a um tipo (ou vários tipos em diferentes partes do globo) de ideologia.

Kirk, então, para sistematizar os princípios conservadores para os jovens e políticos bem intencionados, escreveu seis cânones no seu célebre livro Conservative Mind e que futuramente aumentou para dez em seu livro A Política da Prudência. Me despeço aqui com uma imagem dos dez princípios e espero que o leitor reflita bem a importância desse assunto para nós atualmente.



Até a próxima.


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